Endividamento no Brasil: dados mais recentes e evolução nos últimos anos

Publicado em: 24/09/2025 11:09

O endividamento das famílias brasileiras é tema recorrente nas pesquisas econômicas e financeiras — e com razão: ele reflete não só a capacidade de consumo, mas também impactos profundos na qualidade de vida. A seguir, você confere os dados mais atualizados, comparativos com anos anteriores e como diferentes grupos da população estão enfrentando essa realidade.

Dados recentes

Aqui vão os números mais atuais, de 2025, de fontes confiáveis:

  • Em janeiro de 2025, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da CNC, mostrou que 76,1% das famílias brasileiras estavam endividadas. Isso representa queda de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro de 2024, e cerca de 2 pontos percentuais a menos que janeiro de 2024. Agência Brasil+1

  • A proporção de famílias com dívidas em atraso (“inadimplentes”) estava em 29,1% em janeiro de 2025 — uma leve queda em comparação com dezembro. TV Brasil+1

  • Cerca de 20% das famílias relataram que destinam mais da metade de sua renda para pagar dívidas. Em média, o comprometimento é de cerca de 30% da renda. TV Brasil+1

  • O número de pessoas com nome sujo ou negativadas cresceu: segundo CNDL/SPC Brasil, em janeiro de 2025 havia 68,83 milhões de consumidores negativados, o que dá cerca de 40,17% da população adulta. Isso é um aumento em relação a janeiro de 2024. CNDL

  • Em abril de 2025, a inadimplência (para dívidas vencidas e não pagas) atingiu recorde de 42,36% da população adulta (70,29 milhões de pessoas). CNDL

 

Comparativos com anos anteriores

Para dar um panorama de tendência:

Período % de famílias endividadas % de famílias inadimplentes / dívidas em atraso Observações
2022 ~ 77,9 %
28,9 %
Recorde de endividamento. Cartão de crédito era principal vilão. UOL Economia+2FTMRS+2
2023 ~ 76,6 %
~ 29 %

Indício de queda/moderação no final do ano. Agência Brasil

2024 ~ 78-79% (varia conforme faixa de renda)
28,9 %
Em vários momentos de 2023-2024, o endividamento atingiu picos históricos. Agência Brasil+2Agência Brasil+2
2025
~ 76,1%
~ 29,1%
Pequena queda frente dezembro/2024, também queda vs janeiro/2024. Agência Brasil+2Money Report+2

 

Grupos mais afetados e comportamentos observados

Alguns padrões importantes que aparecem nos dados:

  • Famílias com renda até 3 salários mínimos são as mais vulneráveis: têm taxas de endividamento maiores e menor margem para saldar dívidas. Agência Brasil+1

  • Embora o percentual geral de famílias endividadas esteja caindo levemente, a inadimplência (dívidas vencidas) mostra sinais de fragilidade crescente em certos subgrupos. Agência Brasil+1

  • O “nome sujo” ou negativação atinge atualmente cerca de 40-42% dos adultos, ou dezenas de milhões de pessoas. CNDL+1

  • O cartão de crédito continua sendo uma das modalidades mais comuns de endividamento. Carnês, crédito pessoal também aparecem com frequência. TV Brasil+1

 

Quais os desafios por trás desses números

  • Juros elevados e encargos tornaram o custo das dívidas muito mais caro para quem não consegue pagar logo.

  • A inflação, embora com períodos de controle, ainda pesa no orçamento, limitando a capacidade de poupar ou reservar para dívidas.

  • O desemprego, ou a informalidade, gera instabilidade de renda, o que impõe risco maior de se endividar ou de atrasar dívidas.

  • A oferta de crédito tende a diminuir ou se tornar mais cara em cenários de incerteza econômica, o que obriga famílias a recorrerem a modalidades menos favoráveis (cheque especial, crédito pessoal), aumentando o endividamento.

 

Como a população está lidando

Apesar dos sinais de alerta, há também comportamentos que indicam adaptação:

  • Cautela maior nos gastos, menos novas dívidas em certos meses, especialmente quando se percebe instabilidade econômica. Agência Brasil+2UOL Economia+2

  • Algumas famílias procurando renegociar dívidas ou parcelar valores em atraso.

  • Priorizar o pagamento das dívidas com juros mais altos (quando possível), para aliviar os encargos.

  • Evitar novos compromissos de longo prazo enquanto a renda não estiver mais segura.

 

Possíveis tendências para o futuro

  • Com projeções da CNC, espera-se que o endividamento das famílias volte a subir ao longo de 2025, podendo chegar a ~ 77,5%. Agência Brasil+1

  • A inadimplência pode acompanhar isso, especialmente nos grupos de menor renda.

  • Recuperação de crédito (quem está negativado limpando o nome) mostra sinais de desaceleração. CNDL+1

 

Considerações finais

O endividamento no Brasil está em níveis altos, mas há indícios de que ele esteja se estabilizando ou até caindo levemente em alguns meses. Ainda assim, para uma parcela significativa da população, as dívidas em atraso e a negativação continuam sendo uma fonte de grande tensão.

Para lidar com isso, soluções que permitam organização financeira, parcelamento de dívidas com taxas mais justas, renegociação, além de educação financeira, são fundamentais. O papel de empresas ou plataformas que ajudam a parcelar débitos — como IPTU, multas, contas atrasadas — pode ser uma peça importante na reconstrução da saúde financeira dos cidadãos.