Isenção do IRPF para quem ganha até R$ 5 mil: Entenda o impacto no seu bolso

Publicado em: 10/10/2025 18:10

A nova tabela do Imposto de Renda para 2025, que isenta do desconto mensal quem recebe até R$ 5 mil, já foi aprovada e sancionada pelo governo federal. A atualização promete aliviar o bolso de milhões de trabalhadores, mas também levanta debates sobre quem de fato será beneficiado e quais mudanças aparecem na prática no holerite e na declaração anual.

Segundo o governo, a medida faz parte de um plano de recomposição gradual da tabela, que esteve defasada por anos. Ainda assim, especialistas alertam que o impacto real pode ser diferente do que muitos imaginam, especialmente para quem tem descontos como vale-transporte, INSS e planos de benefícios que reduzem o salário líquido abaixo ou acima da faixa limite.

 

O que muda no contracheque a partir de agora

Com a aprovação, não haverá retenção de IR direto na fonte para rendimentos de até R$ 5 mil mensais. Na prática, isso significa:

  • Salário integral sem desconto de IR para quem recebe até R$ 5 mil

  • ✅ Mais previsibilidade no orçamento mensal

  • ⚠️ Quem recebe acima do limite continuará pagando imposto apenas sobre a diferença

  • ⚠️ A Receita Federal poderá revisar abatimentos e deduções na declaração anual, o que significa que mesmo isentos mensalmente, alguns contribuintes ainda podem precisar declarar para manter regularidade fiscal

📌 Importante: A Receita Federal deve liberar nas próximas semanas um novo simulador para cálculo de retenção. Acompanhe pelo canal oficial: receita.economia.gov.br.

 

Quem realmente será beneficiado

Embora o anúncio fale em isenção para salários de até R$ 5 mil, nem todos os trabalhadores dentro dessa faixa vão sentir o mesmo efeito. Isso porque o cálculo oficial considera os chamados rendimentos tributáveis.

Isso significa que trabalhadores com benefícios incorporados ao salário, horas extras ou comissionamento podem ultrapassar o limite tributável e, nesse caso, uma parte do valor continuará sendo tributada.

Na prática:

Situação Impacto
Salário base até R$ 5.000 sem adicionais Isenção total do IR na fonte
Salário variável com extras, comissões ou bônus Tributação apenas sobre o excedente
MEIs e autônomos que declaram como pessoa física Podem continuar sujeitos ao imposto com base no lucro declarado

 

E na declaração do Imposto de Renda anual, como fica?

Mesmo com a isenção mensal, a declaração do IRPF pode continuar obrigatória para muitos contribuintes, especialmente nos casos abaixo:

  • Pessoas que receberam rendimentos acima de R$ 30.639,90 no ano

  • Contribuintes que fizeram investimentos ou operações em bolsa

  • Quem teve receita como MEI ou autônomo e ultrapassou limites de isenção

  • Quem deseja restituição por despesas dedutíveis (educação, saúde, dependentes, etc.)

Ou seja: estar isento do desconto mensal não significa estar livre da declaração anual.

 

Comparativo com a tabela dos anos anteriores

A faixa de isenção não sofria atualização proporcional à inflação há mais de 8 anos, segundo dados levantados pelo Portal da Transparência Fiscal.

Ano Faixa de Isenção Observação
2015 Até R$ 1.903,98 Tabela congelada por anos
2023 Até R$ 2.640 Primeiro reajuste parcial
2024 Até R$ 2.824 Segundo ajuste gradual
2025 (atual) Até R$ 5.000 Isenção já sancionada

 

O que o trabalhador deve esperar agora

Nas próximas semanas, a Receita Federal deve:

  • Publicar a nova tabela progressiva oficial

  • Atualizar o sistema de retenção para empresas (eSocial e SEFIP)

  • Disponibilizar simuladores oficiais de cálculo

  • Definir novas regras para abatimentos e deduções de quem ainda precisar declarar

 

Conclusão

A nova regra representa um alívio imediato no orçamento de muitos brasileiros, especialmente assalariados com renda fixa e sem adicionais. No entanto, a orientação é acompanhar de perto os comunicados da Receita e avaliar caso a caso, especialmente para evitar pendências futuras na declaração anual.

Mais do que uma mudança tributária, a isenção de IR até R$ 5 mil abre uma nova discussão sobre planejamento financeiro, consumo consciente e uso estratégico da renda, pontos que merecem atenção para que o benefício se traduza, de fato, em qualidade de vida.