Renda fixa ou renda variável, qual é a melhor escolha?
Você já possui um patrimônio acumulado, mas ainda não tem certeza sobre qual é a melhor classe de ativos para investir ou gostaria de escolher aplicações mais vantajosas? Essa decisão pode ser desafiadora, uma vez que a renda fixa e a renda variável apresentam características e rendimentos diferentes. Mas munido das informações adequadas, tomar a decisão certa se torna menos complicado.
Por muito tempo, o Brasil foi um ótimo lugar para quem escolhia a renda fixa. Com as altas taxas de juros, os rendimentos eram significativos e ainda se contava com a vantagem de estar aportando em um investimento relativamente seguro. Entretanto, de alguns anos para cá, a rentabilidade caiu por conta da redução da taxa básica de juros, a Selic, o que tornou menos atrativas as aplicações tradicionais de renda fixa. Isso tem motivado os investidores a procurarem opções mais lucrativas.
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Tanto que, depois de quase uma década patinando nos 600 mil investidores cadastrados, a B3 (bolsa de valores oficial do Brasil) pôde comemorar o seu primeiro milhão de pessoas físicas investindo, em abril do ano passado, e esse número só aumenta. Em 2020, já são mais de 2,6 milhões de investidores. O número é expressivo – especialmente em um país onde 58% da população não conhece e não utiliza produtos de investimento e cerca de 40 milhões de pessoas sequer tinham conta bancária até o início da pandemia –, mas muito distante das proporções globais.
Nos Estados Unidos, metade dos investidores aplica em renda variável. Na Europa e na Ásia, a taxa fica entre 20% e 30% da população, dependendo do país.
Para tomar a melhor decisão, é preciso considerar condições como:
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Quanto capital tenho para investir?
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Quão tolerante a riscos sou?
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Quanto tempo planejo deixar o dinheiro aplicado?
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Quais são os custos operacionais?
>> Descubra qual tipo de investidor você é
Esses coeficientes influenciam na escolha dos seus investimentos, mas tão importante quanto saber qual segmento de investimentos é mais interessante para o seu perfil é saber em que situações você deve investir em renda fixa ou renda variável. Por isso, a seguir, veja algumas dicas:
Quando vale a pena escolher a renda fixa?
Renda fixa é como trabalhar com carteira assinada. Ao ser admitido, você já sabe quanto receberá de salário e quais são as condições do contrato. Nessa classe de investimentos, é possível prever o rendimento do título, se ficar com ele até a data do vencimento. Por outro lado, é sempre importante deixar claro que, nos investimentos pós-fixados, conhece-se o índice no qual o investimento está atrelado e não, de fato, a rentabilidade.
Investimentos em renda fixa são indispensáveis para qualquer tipo de investidor, quando falamos de formação de reservas de emergência, por exemplo. Já imaginou fazer uma reserva de emergência com investimentos em ações? O que você faria se precisasse acessar a sua reserva em um momento em que as suas ações se desvalorizaram 20%, 30% ou até mais? Neste caso, você precisaria realizar um prejuízo e, talvez, a sua reserva tenha encolhido a ponto de não ser suficiente para permitir que seus compromissos de curto prazo sejam honrados.
Em outro exemplo, como você reagiria se formasse suas reservas com investimentos em imóveis e precisasse de recursos imediatamente para fechar um negócio de ocasião? Já parou para pensar quanto tempo levaria para conseguir vender a casa? Ou qual desconto daria para conseguir vender rapidamente?
Mesmo apresentando um rendimento baixo atualmente, é por motivos como os citados acima que a renda fixa continua sendo importante e recomenda-se que tenha uma participação de, pelo menos, 30% na carteira de investimentos de qualquer investidor, pois há opções para todos os tipos de reservas: com liquidez diária, o que permite retirar o seu dinheiro assim que for necessário, aplicações que evitam que seu dinheiro se desvalorize, além de garantias de recebimento dos valores aportados.
Exemplo de produtos de renda fixa:
– O RDC (Recibo de Depósito Cooperativo) é um produto de captação equivalente ao CDB (Certificado de Depósito Bancário) e é muito versátil. É possível investir qualquer valor e receber rentabilidades pós-fixadas, prefixadas ou híbridas e ainda ter uma rentabilidade adicional pela distribuição de parte do resultado da cooperativa para os seus investidores.
Normalmente, apresenta liquidez diária, mas pode ter carência, ou seja, não pagar rendimento caso o recurso seja resgatado antes de um certo período. No entanto, essa condição sempre vem acompanhada de rentabilidade mais elevada, além de contar com a garantia do FGCoop (Fundo Garantidor Cooperativo). O prazo de investimento varia de ao menos dois anos, podendo chegar a prazos superiores a cinco anos. O rendimento da aplicação é tributado conforme tabela regressiva do Imposto de Renda e ainda participa da distribuição dos resultados da sua cooperativa, como se fosse os dividendos pagos em ações.
– A LCI (Letra de Crédito Imobiliário) é um investimento que também tem garantia do FGCoop e pode ser encontrado com todos os formatos de rentabilidade. É acessível para valores a partir de R$ 1.000,00, com carência mínima de 90 dias, segundo a legislação. O grande diferencial deste produto é a isenção do imposto de renda sobre os rendimentos da aplicação, ou seja, a rentabilidade contratada já é líquida e também pode participar da distribuição dos resultados, se for adquirido junto à uma cooperativa. Os prazos costumam ser negociados entre 90 dias e 3 anos.
– A Letra Financeira é um produto de renda fixa interessante para a formação de reservas de médio prazo, pois oferece os mesmos tipos de remuneração de outros produtos de renda fixa, porém, não pode ser resgatada antes de ao menos dois anos, segundo a legislação. Por esta razão, costuma ser negociada com remuneração mais elevada para o investidor. A Letra Financeira não conta com garantia do FGCoop, mas conta com a distribuição de resultados, se for emitido por uma cooperativa.
– Diferentemente dos produtos anteriores, que são contratados junto a instituições financeiras, os Títulos Públicos são emitidos pelo tesouro Nacional. São como se fossem um empréstimo do investidor para o Governo Federal em troca de uma remuneração. Apresentam prazos curtos como um ano ou até muito longos como 25 anos, permitindo aplicação para valores a partir de R$ 30,00. Além disso, têm alta liquidez e podem ser vendidos a qualquer momento para outros investidores ou ao próprio Tesouro Nacional.
São negociados por corretoras e plataformas de investimentos, mediante abertura de conta e transferência dos valores para estas instituições. É importante ressaltar que um Título Público não tem garantia no sentido de reembolso, ou seja, a garantia é o próprio país. Se mantidos até o vencimento, você receberá a rentabilidade pós-fixada, prefixada ou híbrida verificada na ocasião da aplicação, mas quem precisar vender antes do vencimento estará sujeito às condições de mercado do dia da venda, podendo até mesmo sofrer com prejuízos. Também não tem garantia contra atos de má fé por parte da corretora com a qual o investidor trabalha, então, é importante escolher uma instituição de confiança para investir em títulos públicos.
Quando vale a pena escolher a renda variável?
Na renda variável, você estará basicamente comprando um ativo, seja uma ação, dólar, contratos futuros de soja ou até mesmo petróleo, acreditando na valorização do preço destes ativos ao longo do tempo. Obviamente, é possível que estes ativos percam valor em função de condições de mercado, como aspectos políticos, econômicos e financeiros.
As ações de uma empresa do setor da construção civil podem se valorizar, caso haja uma demanda alta por novos imóveis, assim como pode se desvalorizar, caso o desemprego aumente e o consumidor perca a capacidade de comprar imóveis. O mesmo acontece com o petróleo: seu preço pode cair vertiginosamente, se o mundo for inundado de petróleo por um aumento de produção vigoroso, mas também pode disparar, caso haja um conflito no Oriente Médio que interrompa a produção de um fornecedor importante.
Em um cenário de juros baixos, como o atual, é uma opção interessante para alocar uma parte do portfólio, segundo sua tolerância a risco e o horizonte de investimento, especialmente se este investimento tiver o objetivo de ajudar a constituir uma reserva para a sua aposentadoria. Mas lembre-se: a diferença entre o remédio e o veneno é a dose!
Como a renda variável apresenta mais riscos, é importante que os mesmos sejam ressaltados.
Riscos da renda variável:
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Como não existem garantias, você pode perder tudo o que investiu e, dependendo de como realizou este investimento, o prejuízo financeiro pode ser até maior do que o valor investido, como é comum nos mercados de derivativos e opções;
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Não é a melhor opção para aqueles que não têm tolerância a risco ou não desejam manter o dinheiro investido em longo prazo;
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Normalmente, têm custos de negociação e, se estes custos não forem considerados na performance da sua carteira, é possível que você tenha a sensação de que está tendo lucros quando, na verdade, está no zero-a-zero ou até mesmo perdendo dinheiro.
Pontos positivos da renda variável:
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Investimentos mais arriscados apresentam maior potencial de valorização no longo prazo;
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No caso de investimentos diretamente em ações, você pode ser isento de Imposto de Renda se vendeu até R$ 20 mil em ações no mês, além de contar com os dividendos (parte dos lucros de uma empresa que são distribuídos aos acionistas como remuneração) isentos de Imposto de Renda e juros sobre o capital investido, sendo que ambos precisam ser declarados;
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Fundos de Investimentos contam com gestão profissional e permitem exposição a mais de uma classe de ativos ao mesmo tempo, podendo gerar uma combinação de estratégias que aumentam o retorno e ainda protegem sua carteira por meio da alocação em ativos que não respondem às mesmas condições, como bolsa e dólar, por exemplo.
Diversificação da carteira
Você se recorda da bolha imobiliária que estourou nos Estados Unidos, entre os anos de 2007 e 2008? Tempos antes, a valorização dos imóveis gerou uma euforia, que levou milhares de pessoas a se endividarem para comprar imóveis, acreditando na continuidade da alta de preços.
Entretanto, quando pararam de subir, muitos investidores se viram incapazes de pagar seus empréstimos e hipotecas. A euforia deu lugar ao pânico e simplesmente acabou a demanda por imóveis, disparando um efeito dominó nos preços, que agravou ainda mais a situação e evaporou as economias de muitos investidores, assim como os valores de financiamentos concedidos pelos bancos.
Com o estouro da bolha, o setor imobiliário atrofiou de tal forma que as demissões foram massivas. Muitas pessoas perderam renda e aumentaram ainda mais este ciclo vicioso na economia americana, que rapidamente se estendeu a todos os setores e, ainda pior, para o mundo.
A diversificação dos ativos reduziria a perda para 16% durante o crash de 2008, segundo a Morningstar.
Para se proteger de colapsos como o da bolha imobiliária ou mesmo da volatilidade do mercado, é recomendado que os investidores diversifiquem seu portfólio. A lógica por trás da diversificação é simples: em média, as carteiras de investimentos compostas por diferentes tipos de investimentos geram retornos mais altos e representam um risco menor em comparação com qualquer investimento individual no portfólio.
Contudo, assim como não há uma dieta adequada para todas as pessoas, a melhor maneira de equilibrar sua carteira de investimentos não segue uma regra de bolso ou lei universal. Depende muito do seu perfil de investidor, ou seja, da sua tolerância ao risco, dos seus objetivos, do prazo no qual pretende atingi-los, ou ainda de quanto você consegue economizar todos os meses. Sem falar no seu estilo de vida e no momento pelo qual está passando. Lembre-se que a percepção de risco de um jovem que não tem nada a perder será diferente quando este jovem construir um patrimônio que precisa ser preservado ou quando tiver uma família que precisa prosperar.
Mesmo que você seja um investidor iniciante, já deve ter ouvido a frase “não coloque todos os seus ovos na mesma cesta”. Isso vale para todos os investidores. Por isso, quando falamos em diversificação, estamos recomendando que se escolham classes de ativos que não estejam diretamente relacionadas.
Diversificar aumenta suas chances de manter bons retornos quando um determinado ativo apresenta um desempenho inferior. E não se esqueça das suas reservas de emergência e da liquidez.
Antes de tomar qualquer decisão, não deixe de consultar um especialista em investimentos que seja da sua confiança e possa auxiliar você a montar uma carteira diversificada e equilibrada que possam conferir uma boa relação de risco x retorno, com aderência às suas necessidades.
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